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Querido Diário,

Não sei como me sinto hoje. Na verdade, eu sei: sinto uma imensidão de confusão. Espero que seja normal da minha idade, sabe como é, adolescência.

Acho que eu sofri uma experiência de quase-morte, por que minha mãe me disse que tentou me acordar e eu não acordei, até o meu pai tentou, e eu simplesmente não me mexi, e, bom, eu não lembro o que eu sonhei. "Dormi" tempo demais, não pode ser somente um sono pesado e sem nenhum indicio de imaginação. Não pode! Um dia eu perguntei pro pai de uma amiga como foi ter entrado em coma. Ele disse que não se lembra de nada, só se lembra que quando abriu os olhos todos gritavam "ELE ACORDOU!" e choravam de alegria.

Disse que morreu e foi ressuscitado. É estranho, mas milagres de fato acontecem. Se morrer e não se lembrar de nada, eu nunca vou querer morrer.

A Karina me pediu ajuda no msn hoje mais cedo. Não soube o que dizer para confortá-la. Senti-me inútil. Eu, que sempre tenho uma resposta para tudo, fiquei sem saber o que dizer para a minha melhor amiga. Não quero que ela fique mal, realmente não quero! Comecei a dizer coisas como: não desista, você não pode seguir o mesmo caminho que eu e depois ficar se perguntando "Como teria sido se eu tivesse seguido o outro caminho?" não, é horrível essa sensação de confusão.

Quero que ela simplesmente siga em frente, pensando com o coração, usar a cabeça as vezes é o pior caminho quando se trata de amor.

Já sei o que vou dizer a ela. Vou dizer para ela se arriscar, para simplesmente agarrar essa oportunidade com unhas e dentes e não importa se, no final, vai sorrir ou chorar. Na vida sempre há uma segunda chance.

Minha mãe finalmente leu algo que escrevi, e disse que eu tenho talento. Depois de milhares de dias, de quase um ano, ela se preocupou e leu. Bom, esse é o começo. Acho que está começando a me escutar.

Haverá dias melhores, eu sinto, e estou disposta a esperá-los.