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sábado, 24 de julho de 2010

Beauty From Pain

Minha vida era normal, eu acordava de manhã com o som de um despertador quebrado, ia para a escola aonde todas os grupos sociais eram divididos de acordo com seu estilo e gosto - sem esquecer dos status! Todos os dias colocava o lixo para fora, voltava para dentro de casa, abria a página do Google e digitava sempre a mesma coisa, depois a tecla enter. Milhares de websites com matérias sobre "Como ser feliz" apareciam, eu tentava entender qual era o fundamento de todas aquelas palavras usadas de modo banal. Continuei com minha busca, até que no meu aniversário de 15 anos recebi uma encomenda sem remetente.
Era uma caixa de papelão grande, meus avós a veriam se continuasse ali na porta da varanda. Pensei rápido: a levei para o meu quarto. Ninguém nunca entrava lá, só eu e meu gato chamado Franckie, e a menos que Franckie falasse, ninguém poderia saber de meu misterioso presente de aniversário.
Quando abri a caixa, fiquei cega com a quantidade de luz que saiu de lá de dentro. Meus olhos demoraram para se acostumar com tamanha luz. Depois comecei a escutar algumas vozes e buzinas vindo lá de dentro. Tentei enxergar o que a caixa guardava mais de perto, quando vi, eu estava no meio de uma floresta de pessoas apressadas andando de um lado para o outro, sem ao medos me enxergar. Talvez eu devesse procurar o caminho de volta? Talvez eu devesse explorar...
Avistei um carro conhecido, todo amarelo, pequeno e elegante. Continuei a observar melhor todos a minha volta. Todas essas pessoas, essas roupas elegantes e coloridas. Os cigarros compridos, os penteados estilo Audrey Hepbrun. Um aperto no meu coração me fez querer voltar desesperadamente para o meu quarto, abraçar meu gato e chorar em silêncio. Continuei procurando os rostos que deveriam estar ali. Continuei procurando entre as centenas de pessoas elegantes os tão desejados e acolhedores rostos risonhos. Quando voltei a olhar o carro, os vi. Ela vestia um lindo vestido rosa bebê, cabelos soltos em cachos loiros e faixa vinho com um laço no lado. Ele estava com uma calça social, camiseta desabotoada e terno jogados no ombro. Aproximei-me hesitante, passo por passo consegui enxergar seus olhos negros, os sorrisos estupendos, e suas vozes. Era tudo exatamente como eu me lembrava.
Meus pais estavam ali, a minha frente estavam as pessoas que deram a vida por mim, que preferiram morrer ao entregar o pequeno bebe de cachos dourados e olhos negros. A provavelmente 20 anos atrás eles deviam ser assim. A Alemanha nazista não permitia que espiões vivessem. Todas as aventuras que li em suas cartas, todas as fugas de americanos disfarçados... Mas não durou. Tudo um dia sempre acaba, por mais que tudo estivesse lindo, sempre acaba. E acabou para eles. Foram descobertos, morreram tentando salvar a minha vida. Foram essas pessoas que me fizeram tentar mudar as coisas. Quando pensei que nunca mais poderia vê-los, dei-me conta de que poderia não só viver com eles, e sim viver por eles. Foi este pequeno embrulho que me permitiu mudar o mundo! Tornei-me uma viajante no tempo...


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